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terça-feira, outubro 7

EDUCAÇÃO

EDUCAÇÃO
Acreditar ajuda superar vícios. Pesquisa diz que espiritualidade ajuda em recuperação de drogados.
Heitor (nome fictício) está sem beber a 23 anos e ainda freqüenta as reuniões dos Alcoólicos Anônimos. Decidiu parar assim que percebeu os danos materiais, emocionais e espirituais causados pelo uso abusivo do álcool na sua vida e na dos familiares. Essa atitude, acompanhada por uma sensação de superação pessoal e transcendência que muita gente chama de espiritualidade sem relação necessária com uma religião específica e que ocorre mesmo entre ateus é a principal motivação dos dependentes crônicos de bebida alcoólica, maconha, cocaína e crack para abandonar o vício. Uma persistência como a de Heitor, considerada rara, já é seguida por outros dependentes de drogas que procuram manter, depois de 10 anos de abstinência, “seu eixo” num ponto “metafísico” dentro de si mesmos.
Longe de ser uma observação isolada, essa constatação é baseada em dado estatístico levantado pela primeira vez no País, em pesquisa, pela mestranda de enfermagem psiquiátrica, Angélica Martins de Souza Gonçalves, da Faculdade de Enfermagem da USP, de Ribeirão Preto.
Trabalhos de outros pesquisadores estabeleceram a importância da religião e dos grupos de acolhimento social, como fatores protetores contra o uso de álcool e drogas. Nessa pesquisa, Angélica Martins mediu estatisticamente a importância da espiritualidade como fator de recuperação, entrevistando 138 dependentes de álcool e drogas de quatro cidades do Estado: Ribeirão Preto, Bauru, São Carlos e Monte Alto.
“Constatamos que quando uma pessoa quer mudar um comportamento, só dá certo quando faz alguma coisa para que isso aconteça. No momento de decisão, a espiritualidade interfere bastante”, explica a enfermeira, que trabalha simultaneamente em um programa de treinamento da Faculdade de Medicina da USP para profissionais da saúde pública, que lidam com pessoas dependentes de álcool e drogas.
Transcendência
A diferença entre religião e espiritualidade, segundo a pesquisa, é que a religião formal tem um efeito protetor contra os problemas, enquanto a espiritualidade ou esse estado de transcendência interior acompanha o empenho daqueles que querem retomar o controle da própria vida.
Uma forma de superar os problemas é restabelecer os valores. A espiritualidade tem a ver com o sentido que a pessoa dá à sua vida, diferente das questões sensuais. Já religião tem a ver com questão doutrinária lembra Angélica Martins, ao verificar que a espiritualidade se torna importante durante o processo de reabilitação.
A pesquisa constatou uma incidência estatística alta na escala da espiritualidade para as pessoas em tratamento para dependência de álcool, maconha, cocaína e crack ou em poliusuários dessas drogas. “Verificamos que as pessoas vinculadas às comunidades terapêuticas pontuam muito alto nesta escala. No contexto em que estão vivendo, tem sempre reunião voltada para esse aspecto”, disse Angélica Martins, que acha a espiritualidade decisiva no processo de recuperação.
“O Brasil tem poucos trabalhos nessa área de espiritualidade. Já na literatura norte-americana existem mais de mil artigos que falam sobre isso”, lembra a especialista que adaptou uma escala norte-americana para poder pesquisar sua tese de mestrado na área de Enfermagem Psiquiátrica.

fonte: Notícias cristãs

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