FATHEL - FACULDADE THEOLÓGICA

terça-feira, outubro 27

OPNIÃO

O DIABO E O BOM DEUS
Por: Reinaldo Azevedo

A declaração estúpida de Lula, segundo a qual, no Brasil, é preciso fazer aliança até com Judas para governar, merece reflexões novas. É preciso ir além da firula, da aparência, da desconstrução da metáfora chula e, obviamente, desinformada para captar o sentido político da fala. Cumpre perguntar: com quem, então, ele jamais se aliaria? Antes de responder, alguma digressão.

Judas era um dos seguidores de Jesus. Ele se tornou um símbolo da traição, o que lhe custou muito caro. Acabou se enforcando, dada a enormidade do seu ato, perseguido por sua consciência. No Brasil, os Judas não se arrependem. E ainda mandam enforcar. Lula, como afirmei no primeiro texto sobre o caso, nunca foi traído por ninguém. A depender da abordagem que se faça, ele fica melhor é no papel de traidor. A foto de Alan Marques na primeira página da Folha (em si, muito boa), com o presidente de mãos postas, olhos fechados, como quem ora, buscou um diálogo com a manchete: “No Brasil, Cristo teria de se aliar a Judas, diz Lula”.

A intenção da edição era fazer um pacote religioso. Por que alguém que defende a aliança com um símbolo da traição merece ser retratado como quem está sendo tocado pelo Espírito Santo é um desses mistérios que ou é explicado pela ignorância religiosa ou por um refinado senso de humor. Minha aposta? Bem… Se é para passar a impressão de que Lula está orando, dada a aliança confessa com Judas, então ele deve ser o sacerdote de alguma Missa Negra. O conjunto — Lula, sua fala e a foto que a ilustra — dá notícias de um tempo bárbaro. Agora vamos voltar ao ponto lá do primeiro parágrafo para exorcizar o demônio da má política já que não há o que exorcize o demônio da má consciência.

E com o capeta, Lula faria acordo? É bem provável que sim. O bicho pode ter chifres, rabo, pés virados para trás, recender a enxofre, bigode, peito estufado, olhos trincados de tão arregalados… Não importa! Só não pode ter pena colorida, bico grande e, bem, chamar-se FHC. O que estou querendo dizer, queridos leitores, é que uma declaração em si mesma infeliz; de notável ignorância específica — e não há especificidade que este generalista não despreze com a nonchalance típica dos ignorantes convictos —; grosseira até, revela a disputa pela hegemonia do processo político, sim, mas também uma concepção autoritária de poder.

Peço-lhes um esforço brutal, sei disso, mas é só por alguns segundos: imaginem-se no lugar de Lula, comandante máximo do PT. Esqueçam só um pouco de que o olhamos de fora para dentro, de que enxergamos sua trajetória como críticos e como analistas. Neste breve instante em que estamos vendo o partido com os olhos de seu criador, certamente divisamos nele virtudes únicas, redentoras, salvadoras. Pois bem: quais seriam as qualidades que fazem de José Sarney, Renan Calheiros, Fernando Collor e Jader Barbalho companheiros de trajetória, mas de FHC um inimigo cuja história, se possível, deva ser eliminada da memória brasileira ou permanecer como anátema? Lembrem-se: ainda estamos na, vá lá, mente de Lula: a que solução moral ele chegou para vituperar de modo obsessivo contra o antecessor, mas a se abraçar com aquelas outras personalidades?

Eis a questão que interessa. Não é só Judas, não! Judas, vá lá, não deixava de fazer parte dos planos do Altíssimo. À sua maneira, era alguém que tinha uma função naquela narrativa. E acaba se dando muito mal. É uma personagem trágica, triste! Lula poderia se aliar também ao capeta porque o que está em disputa é a hegemonia do processo político. Há forças políticas no país que, por enquanto ao menos, ele não pode subordinar — e tampouco elas se submeteriam voluntariamente à sua liderança. Então vale literalmente tudo. Judas é só o elemento menos deletério do ajuntamento. Todos os outros têm um preço que pode ser perfeitamente pago. E como Lula paga! Paga com ministérios! Paga com estatais! Paga com cargos de segundo escalão! Paga com juros! Paga até com o real supervalorizado! Ele só não aceita pagar o preço da alternância do poder. Porque, de fato, este é um dos preços que cobra a democracia.

Huuummm… As coisas começam a ficar mais claras. Aquela defesa desavergonhada que Lula fez das alianças — até com Judas! — não é um testemunho de realismo político, não! É a expressão de uma concepção autoritária de poder. E é isso que muitos se negam a entender. É evidente que ele não acredita que o país estaria em piores mãos se dividisse o poder com, sei lá, o PSDB; é claro que ele sabe qual foi o papel de FHC na história do país e qual foi o de Sarney — “o homem especial”. Ocorre que Sarney não ambiciona uma troca de guarda, de comando, e o PSDB, sim.

É por isso que o homem que não tem pejo de fazer coligação com Judas — e o capeta pode vir também — só não aceita que as oposições voltem ao poder. Porque aceitá-lo, coisa corriqueira em países civilizados, implica acatar o princípio da democracia. Não! Não estou cobrando que Lula se quede passivamente diante de uma eventual derrota eleitoral . Estou cobrando que ele, ao menos, respeite a lei, o que obviamente não faz. Mais do que isso: anuncia que continuará a desrespeitá-la.

Aquele que aceita Judas como um dado da realidade política não vai se subordinar, evidentemente, a um código legal. Há naquela metáfora destrambelhada, como se vê, muito mais do que ignorância episódica: há a truculência metódica disfarçada de realismo político.

E encerro com a foto, aquela, em que parece que ele está fazendo download do divino. Talvez estivesse mesmo recebendo uma mensagem do além. A ser assim, não vinha das Luzes.

sábado, outubro 17

Teologia Urbana

Sacerdote de Curitiba viaja para encontro internacional
Publicado em 16/10/2009 Marcio Antonio Campos (Gazeta do Povo)

O padre Joaquim Parron, provincial da congregação dos redentoristas do Paraná e do Mato Grosso do Sul, viaja hoje para Roma. Ele participará do Capítulo Inter­na­cional dos Missionários Re­­dentoristas, uma reunião que ocorre a cada seis anos em que se reveem os rumos e as prioridades da congregação. “Serão reuniões todos os dias, manhã, tarde e noite, durante um mês inteiro”, descreve o padre, que já foi reitor do Santuário do Perpétuo Socorro, em Curitiba.

Em tempos nos quais até o Vaticano lançou seu canal no site de vídeos YouTube, o desafio de evangelizar na cultura moderna é apontado pelo padre Parron como o principal aspecto a ser discutido na reunião. “Isso significa, sem dúvida, entrar com força na internet e nos demais meios de comunicação social”, afirma.

Outro tema para o qual o Capítulo Internacional deve olhar com atenção é a secularização da Europa – reverter esse processo é, inclusive, uma meta do Papa Bento XVI. “Por muito tempo a Europa forneceu missionários para o resto do mundo, mas agora está acontecendo o contrário. Redentoristas peruanos têm desenvolvido atividades missionárias na França, para ficar em apenas um exemplo”, descreve o provincial. A Igreja Católica sempre esteve acostumada a encarar continentes como Ásia e África como terras de missão, mas situações como a citada pelo padre Parron mostram que em breve é o continente europeu que precisará ser recristianizado. Os números da própria congregação mostram essa realidade: enquanto os redentoristas crescem em número na América Latina, na Ásia e na África, en­­quanto ficam estagnados na Europa e na América do Norte.

Atualmente, os redentoristas cuidam de vários santuários marianos ao redor do mundo. No Paraná, além do Perpétuo So­­corro, os padres também são responsáveis pelo santuário estadual de Nossa Senhora do Rocio, em Paranaguá. E, no Brasil, o mais famoso centro mariano sob responsabilidade da ordem é a Basílica Nacional de Nossa Se­­nhora Aparecida, no interior de São Paulo.

quinta-feira, outubro 8

FATHEL promove II PROINTER - MADRI ESPANHA


Em virtude do sucesso do primeiro, a Fathel – Faculdade Theológica realizará em julho de 2010, o II PROINTER. O evento é feito em parceria com o INSTITUTO DE INTEGRACIÓN PERSONAL Y CONVIVENCIA - INTEGRA - de Madri- Espanha. Além de proporcionar intercâmbio Cultural Educacional os alunos terão duas semanas de atualização com temas que envolvem Psicologia, Teologia e Aconselhamento Pastoral.
A tríplice ciência no âmbito terapêutico enfocando a compreensãodo ser humano integral e integrado, numa perspectiva teopsicoterapeutica.
O Curso soma um total de 150 horas aulas, com certificado emitido pelo INTEGRA – MADRI –ESPANHA.
A coordenação do curso é de responsabilidade do Prof.Dr. Samuel Couto Cabral: Doutor em Psicologia Escolar y Desarrollo, pela Universidade Complutense de Madrid – Espanha. Teólogo, pedagogo e professor de Psicologia, Metodologia e prática pedagógica. Com Grande experiência em atendimento individual e consultas de psicoanálises e prática em teopsicoterapia.

Para mais informações entrar em contato com o Acadêmico IVO PINA 8407-0198

terça-feira, outubro 6

ESPIRITUALIDADE E ECOTEOLOGIA


FATHEL Pólo de Bonito e Jardim realizam Semana Teológica

A Fathel pólo de Bonito e Jardim realizaram a sua I Semana de Atualização Teológica, o evento aconteceu s dia 24, 25 em Bonito e no dia 26 em Jardim no Centro de Convenções de Jardim.
O tema apresentado foi: “Espiritualidade e Ecoteologia” ministrado pelo Conferencista Prof. Pr. Aroldo que discorreu entre teologia/espiritualidade em uma perspectiva ecológica. “A ecoteologia não é simplesmente uma teologia da criação com tons verdes. A partir da unidade da experiência salvífica na Bíblia, a ecoteologia afirma que há ligações estreitas e complexas entre a criação do cosmos e seu processo evolutivo, o surgimento dos seres humanos no nosso planeta, a história da revelação divina com suas etapas, a encarnação do Filho de Deus, a inauguração do Reino de Deus em Jesus, sua morte redentora e a ressurreição como primícia da nova criação, ou seja Deus não enviou o filho somente pra salvar a humanidade mais também o mundo.O Espírito de Deus anima e sustenta todos os seres bióticos e abióticos, nas belas e múltiplas relações da teia da vida. Portanto, a história humana e seu destino final devem ser compreendidos em íntima relação com o ecossistema, a nossa casa comum. Não se trata somente de uma mudança de conceitos e de percepção, mas também na espiritualidade e na ética, numa nova interpretação hermeutica e escatológica. A luta pela “vida plena” (Jo 10,10) se traduz também em empenho pela sustentabilidade, em garantir a continuidade da vida no nosso planeta. E a experiência de Deus, no cultivo da sintonia orante com todos os seres, criados com carinho pelo Senhor e destinados à glória, a Glória de Deus” disse Haroldo.
A SAT é um evento previsto na grade curricular da FATHEL e que acontece uma vez a cada semestre.

sábado, outubro 3

MISTICA E ESPIRITUALIDADE


As palavras mística, evocando mistério, caráter incomunicável de uma realidade ou intenção, e espiritualidade, referida ao que não tem arrimo na vida material, têm sido associadas à experiência religiosa.

A partir da Teologia da Libertação – que nos anos 70 abriu caminho para a aproximação entre fé e política – mística, espiritualidade (e religiosidade, em sentido amplo) passaram a ser consideradas experiência globalizante, onímoda, que não desvincula espiritualidade e ação, ética e responsabilidade pelos destinos da pólis, do planeta e da humanidade.

Os autores deste livro estão entre os fundadores da Teologia da Libertação, ainda hoje referência para todos os interessados nas relações entre religião, ética e ação social. Nas últimas décadas, ambos se tornaram referências internacionais como militantes e intelectuais nas lutas pela transformação social de inspiração humanística e espiritual.

Nestas páginas eles articulam teologia, filosofia, antropologia, política e poética, temas candentes como o diálogo possível entre fé e ciência, o misticismo oriental, as relações entre os gêneros, o corpo e a sexualidade, as religiões afrobrasileiras.

Mística e espiritualidade, que desde 1994 vem atraindo multidões de leitores em sucessivas edições, aborda, com clareza e erudição, os problemas atuais que marcam as vivências do cristianismo, da religião de modo geral, e de toda a humanidade entre os séculos XX e XXI. Trata-se de um documento imprescindível, leitura fundamental para todos que desejam ampliar seus horizontes sobre a vida, a espiritualidade e o amor – a si mesmo, ao próximo, à natureza e a Deus.

SOBRE OS AUTORES

Leonardo Boff (1938, Concórdia) foi um dos criadores da Teologia da Libertação. É Doutor em Teologia e Filosofia pela Universidade de Munique. Foi professor de Teologia e Espiritualidade em vários centros de estudo no Brasil e no exterior, além de professor-visitante nas universidades de Lisboa (Portugal), Salamanca (Espanha), Harvard (EUA), Basel (Suíça) e Heilderberg (Alemanha). É doutor honoris causa em Política pela universidade de Turim (Itália) e em Teologia pela universidade de Lund (Suíça), tendo ainda sido agraciado com vários prêmios no Brasil e no exterior, por sua luta em favor dos Direitos Humanos. É autor de mais de 60 livros. Grande parte de sua obra está traduzida nos principais idiomas modernos.

FREI BETTO é autor de dezenas de obras abrangendo ensaio, ficção, crônicas e artigos, várias delas publicadas no exterior. Foi assessor especial do Presidente da República e coordenador de Mobilização Social do programa Fome Zero. Colabora com vários jornais e revistas e é Militante de movimentos pastorais e sociais.