FATHEL - FACULDADE THEOLÓGICA

quarta-feira, dezembro 15

EDUCAÇÃO

RUDOLF VON SINNER
Para professor Teologia é mediação entre tradições e sociedade


    Ao lado de representantes das mais variadas tradições religiosas, o professor da Faculdades EST, Rudolf von Sinner, participou na segunda-feira, 22, na sede do Conselho Nacional de Educação (CNE), em Brasília, da audiência pública para a discussão sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) para os cursos de Teologia.

   Ao expor sobre “Ética, bioética e Diretrizes Curriculares Nacionais para o campo da Teologia”, Rudolf enfatizou que a sua mensagem estava fundamentada em preceitos oriundos de uma teologia cristã e evangélico-luterana, o que não impossibilitava pontos de encontro com outras confessionalidades e religiões.

    Na explanação, Rudolf defendeu o caráter confessional da teologia que, ao mesmo tempo, precisa realizar esforços de mediação entre uma tradição específica e a sociedade mais ampla. “Enquanto a teologia traduz sua postura confessional para fora, traduz também os desafios e questionamentos vindos de fora para dentro”, pontuou.

    Na perspectiva do professor, o caráter público da teologia se manifesta mais claramente em torno da discussão de questões de ordem ética. Embora os preceitos éticos estejam alicerçados em uma tradição, doutrina e documentos fundadores, disse Rudolf, eles precisam ser mediados com a realidade vivida e com a percepção desta realidade pelas ciências, de modo especial as humanas e as sociais.

    Tomando como exemplo os questionamentos suscitados em torno de assuntos como aborto e pesquisa com células tronco embrionárias, o pró-reitor de pesquisa da EST argumentou sobre a impossibilidade de se atingir um juízo adequado sem o desenvolvimento de um debate interdisciplinar.

     “Qualquer que seja o juízo, tal diálogo interdisciplinar e a percepção do pluralismo de posições pode e deve ser exigido de um curso acadêmico de teologia”, enfatizou.

    Coordenada pelos Conselheiros do CNE, Antônio Araujo Freitas Junior e Gilberto Gonçalves Garcia, a audiência pública representou uma iniciativa inédita, reunindo cerca de 100 pessoas no Edifício Sede do Conselho, sendo transmitida na íntegra pela internet.

Data: 25/11/2010 09:00:19
Fonte: ALC

sexta-feira, dezembro 10

A ÉTICA DO CUIDADO

A ética está em crise. O ser humano não sabe mais estabelecer as relações de valor de humanidade com os outros. Tal crise é a falta de cuidado com as crianças, com os idosos, com os bens públicos e com a natureza. A batalha pela vida consistirá na busca de um fundamento ético mais humano, onde o ponto de partida e de chegada seja o ser humano em toda sua essência.

O mundo passa por grandes transformações, novas tendências revolucionaram padrões clássicos de comportamento, enquanto importantes instituições se modificam. Uma nova ordem mundial se organiza, alterando valores, expectativas, sonhos; outras formas de pensar se instauram.

A situação sócio-economica atual nega a maioria das pessoas de ter vida digna. Assim é que a ética do cuidado vai surgir, é no meio de uma sociedade conflitiva que estaremos buscando novas maneiras de nos relacionar.

Vivemos em um mundo historicamente marcado por contradições e desafios. A chamada “era da globalização” é na verdade a “globalização do terror”. O novo século está marcado pelos estigmas do século passado, em que as querras, a acumulação de rendas, os totalitarismos e o uso perverso das ciências com finalidades destrutivas elitistas, a ampliação do poder massificante e desumanizador da indústria cultural, todas essas realidades vivenciadas pelas sociedades humanas ainda marcam nosso agir.

Por exemplo, a questão da segurança, a violência é um produto da desumanização da sociedade, gerada pela primazia dada pelo neoliberalismo ao mercado. Desta forma, as sociedades humanas acumulam injustiças e contradições sociais. As cidades crescem sobre relações frias e normas impessoais; a violência atinge índices nunca antes pensados. O nosso progresso tecnológico não foi acompanhado pelo progresso moral, sendo assim, amplia-se a necessidade de fundarmos novos parâmetros éticos.

Penso que para iniciarmos o processo de humanização do mundo, devemos partir de um comportamento que desabroche da própria essência humana. Há uma tradição que vem dos romanos, e que não teve muito sucesso no ocidente, que define o ser humano não como ser de razão, nem como ser de vontade, nem como ser de liberdade. Mas define o ser humano como ser de cuidado. O filosofo Martin Heidegger, em seu livro principal “Ser e o Tempo”, dedica mais de 40 páginas comentando essa definição do ser humano como ser de cuidado.

O Teólogo Leonardo Boff define claramente em sua obra “Saber Cuidar – É tica do Humano – Compaixão pela Terra” (Editora Vozes), que “tudo que existe e vive precisa ser cuidado para continuar a existir e a viver: Uma planta, um animal, uma criança, um idoso, o planeta terra”... Segundo o Teólogo, o termo “cuidado” abrange dois significados. O primeiro é desvelo, solicitude, diligencia zelo, atenção e bons tratos para com o outro. O segundo implica em intimidade e respeito.

Uma das grandes ilusões da cultura moderna foi confiar tudo a razão. O ser humano é um ser de razão, mas também de sentimentos, criatividade e cuidado. E hoje nós sentimos os efeitos dessa “lobotomia”.

A fome e a violência estão devorando o mundo e não fazemos nada, há uma maquina da morte montada contra a vida. E ficamos inertes. Por quê? Não se mobilizou o sentimento profundo que toca a nossa pele e que aquilo nos diz respeito e que devemos nos comprometer e agir.

Enfim, esta nova proposta de uma ética do cuidado, surgiu como necessidade para construirmos a partir de agora em nossos relacionamentos, um mundo mais humanizado. No entanto, esta nova alternativa pressupõe um redimensionamento da visão, sobre si mesmo, o cosmo e o transcendente. Precisamos pensar também com o coração, pois os caminhos para que deixemos de ser espoliadores passa pelo cuidado com o planeta, atenção com os pobres e oprimidos, excluídos, respeito ao próprio corpo, a alma e um dialogo aberto com Deus.


Prof. Jânio Batista de Macedo – Filósofo/Pedagogo
Presidente da AMAPEMS – Campo Grande MS
www.amapems.blogspot.com

quarta-feira, dezembro 1

Uma sobrevivente da visão celular de Rene Terra Nova conta TUDO!
Por Roselaine Perez

Eu tive que digerir depressa demais o amontoado de quesitos que a Visão Celular possuía, parecia que tinha mudado de planeta e precisava aprender o novo dialeto local, e urgente, para conseguir me adaptar.

Ganhar / consolidar / discipular / enviar, almas / células/ famílias, Peniel, Iaweh Shamá, honra, conquista, ser modelo, unção apostólica, atos proféticos, mãe de multidões, pai de multidões, conquista da nação, mover celular, riquezas, nobreza, encontro, reencontro, encontros de níveis, resgatão, Israel, festas bíblicas, atos proféticos, congressos, redes, evento de colheita, prosperidade, recompensa, multidão, confronto, primeira geração dos 12, segunda geração dos 12, toque do shofar, cobertura espiritual, resultado, resultado, resultado, etc...

Era início do ano de 2002 quando fomos a Manaus, eu e meu marido, para recebermos legitimidade, enquanto segunda geração dos 12 do Apóstolo Renê Terra Nova no estado de São Paulo.As exigências eram muitas e muito caras:
•Compra do boton sacerdotal num valor absurdo.
•Hospedagem obrigatória no Tropical Manaus, luxuoso resort ecológico, às margens do Rio Negro, não um dos mais caros, mas “O” mais caro de Manaus (conheci Pastores que venderam as calças para pagar 2 diárias no tal resort e outros que deixaram a família sem alimentos para entrar na fila dos zumbis apostólicos, num Thriller nada profético).
• Trajes de gala Hollywoodianos.
• Participação obrigatória num jantar caro da preula após a cerimônia, tendo como ilustre batedor de bóia nada menos que o Apóstolo Renê e seus cupinchas.
•Tudo isso para ter a suprema dádiva de receber a imposição de mãos do homem, com direito a empurradinha na oração de legitimação e tudo ( uhuu!).


Nem mesmo em festa de socialite se vê exageros tão grandes em termos de exibição de jóias, carros, roupas de grife e todo tipo de ostentação escandalosa.
Hoje, sem a cachaça da massificação na cabeça, sinto vergonha e fico imaginando como Jesus seria tratado no meio daquela pastorada.
Ele chegaria com sandálias de couro, roupa comum, jeito simples, não lhe chamariam para ser honrado, nem tampouco perguntariam quem é o dono da cobertura dele , pois deduziriam que certamente dali ele não era.

Estive envolvida até a cabeça –porémnão até a alma – na Visão Celular durante quase 5 anos, em todas as menores exigências fui a melhor e na inspiração do que disse Paulo "...segundo a justiça que há na lei dos Terra Nova, irrepreensível."
Entreguei submissão cega às sempre inquestionáveis colocações e desafios do líder, sob pena de ser rebelde e fui emburrecendo espiritualmente.
Me pergunto sempre por que entrei nisso tudo e depois que este artigo terminar talvez você me pergunte o mesmo, mas minha resposta tem sempre as mesmas certezas:
Todos nós precisamos amadurecer e, enquanto isso não acontece, muitas propostas vêm de encontro às fraquezas que possuímos e que ainda não foram resolvidas dentro de nós.

A partir da minha experiência pude enxergar as três principais molas propulsoras que fazem funcionar toda essa engrenagem:

1) A lavagem cerebral
A definição mais simples para lavagem cerebral é “conjunto de técnicas que levam ao controle da mente; doutrinação em massa”.
Em todas as etapas da Visão Celular se pode ver nitidamente vários mecanismos de indução, meios de trabalhar fortemente as emoções onde o resultado progressivo desta condição mental é prejudicar o julgamento e aumentar a sugestibilidade.
Os métodos coercivos de convencimento, os treinamentos intensos e cansativos que minam a autonomia do indivíduo, os discursos inflamados, as músicas repetitivas e a oratória cuidadosamente persuasiva são recursos que hoje reconheço como técnicas de lavagem cerebral, onde há mudanças comportamentais gradativas e por vezes irreversíveis.

2) Grandezas diretamente proporcionais
O Silvio Santos manauara é uma incógnita.Se em por um lado ele é duro e autoritário, noutro ele é engraçado, carismático e charmoso. Num dos Congressos em Manaus, me levantei da cadeira para tirar uma foto dele, que imediatamente parou a ministração e me chamou lá na frente. Atravessei o enorme salão com o rosto queimando, certa de que iria passar a maior vergonha de toda a minha vida, que o “ralo” seria na presença de milhares de pessoas e até televisionado.Quando me aproximei não sabia se o chamava de Pastor, Apóstolo, Doutor, Sua Santidade ou Alteza, mas para minha surpresa ele abriu um sorriso de orelha a orelha e fez pose, dizendo que a foto sairia bem melhor de perto. A reunião veio abaixo, claro, todos riam e aplaudiam aquele ser tão acessível e encantador.

Acontecimentos assim, somados à esperta e poderosa estratégia de marketing que Terra Nova usa para transmitir suas idéias, atraem para ele quatro tipos de pessoas:

•As carentes de uma figura forte (o povo simples que chora ao chamá-lo de pai).

• As que desejam aprender o modelo para utiliza-los em seus próprios ministérios falidos.

•Aquelas que desejam viver uma espécie de comensalismo espiritual, que vivem de abrir e fechar notebooks para ele pregar, ganhando transporte e restos alimentares em troca, as rêmoras da Visão.

•As sadomasoquistas espirituais. É tanta punição, tanto sacrifício, tanta submissão, que fica óbvio que muita gente se adapta a esse modelo porque gosta de sofrer. As interpretações enfermas do tipo “hoje eu levei um peniel do meu discipulador, então me agüentem que lá vou eu ensinar o que aprendi.”, eram a tônica das ministrações.

Pode acreditar que essas quatro classes de pessoas representam a grande maioria.

3) A concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e a soberba da vida
O conceito da Visão Celular mexe demais com o ego, é sedutor, encantador, promissor, põe a imaginação lá no topo, puro glamour. A ganância que existe dentro do ser humano é o tapete vermelho por onde a desgraça caminha. Essa tem sido uma das causas pela queda de tantos e tantos pastores, por causa das promessas de sucesso rápido e infalível.
Renê não sabe com quem está lidando, mas é com gente!
Ele talvez ignore (não que ele seja ignorante) que cada ser humano é um universo e que as informações vão reproduzir respostas completamente inesperadas em cada um.
EU ASSISTI, na terra do Terra Nova, o “tristemunho” de uma discipuladora que, para confrontar e educar uma discípula, havia chegado à loucura de bater nela, para que a mesma parasse de falar em morrer. Esse é o argumento dos incapazes, dos que não conseguem levar cada triste, cada suicida ou deprimido às garras da graça de Cristo, mas que querem se fazer os solucionadores das misérias do povo.

Eu tenho até hoje péssimas colheitas dessa péssima semeadura, assumo meus erros e me arrependo profundamente de cada um deles:

• Quase perdi Jesus de vista

•Minha família ficou relegada ao que sobrava de mim.

•Minha filha mais velha, hoje com 23 anos, demorou um bom tempo para me perdoar por eu ter repartido a maternidade com tantas sanguessugas que me usavam para satisfazer sua sede de poder.

•Minha mãe teve dificuldade para se abrir comigo durante muito tempo porque, segundo ela, só conseguia me ver como a Pastora dura e ditadora. Tenho lutado diariamente para que ela me veja somente como filha.

•Fui responsável por manter minha Igreja em regime escravo (mesmo que isso estivesse numa embalagem maravilhosa), por ajudar a alimentar a ganância de muitos, por não guardá-los dessa loucura.

•Colaborei com a neurotização da fé de muitos, por causa da perseguição desenfreada pela perfeição e por uma santidade inalcançável.

•Fiquei neurótica eu mesma, precisando lançar mão de ajuda psicológica devido a crises interiores inenarráveis, ao passo que desenvolvia uma doença psíquica de esgotamento chamada Síndrome de Burnout*, hoje sob controle.

•Vendi a idéia da aliança incondicional do discípulo com o discipulador, afastando sutilmente as pessoas da dependência de Deus.

•Invadi a vida de muitos a título de discipulado, cuidando até de quantas relações sexuais as discípulas tinham por semana, sem que isso causasse ofensa ou espanto.

•Opinei sobre o que o discípulo deveria comprar ou não, tendo “direito” de vetar o que não achasse conveniente. A menor sombra de discordância por parte do discípulo era imediatamente reprimida, sem qualquer respeito. Quando isso acontecia os demais tomavam como exemplo e evitavam contrariar o líder.

•Aceitei que fosse tirada do povo a única diretriz eficaz contra as ciladas do diabo: a Bíblia. Não que ela não fosse utilizada, mas isso era feito de forma direcionada, para fortalecer os conceitos da Visão. Paramos de estudar assuntos que traziam crescimento para nos tornarmos robôs de uma linha de montagem, manipuláveis, dogmatizados.

•Fomentei a disputa de poder entre os irmãos ignorando os sentimentos dos que iam ficando para trás.

•Perdi amigos amados e sofri demais com estas perdas. Alguns criaram um abismo de medo, que é o de quem nunca sabe se vai ganhar um carinho ou um tapa, um elogio ou um peniel, mas sei que esse estigma está indo embora cada vez mais rápido. Outros me abandonaram porque não aceitaram uma Pastora normal, falível e frágil. Eles queriam a outra, a deusa, aquela que alimentava neles a fome por ídolos particulares.

Dentro da Visão, nossa Igreja esteve entre as que mais cresceram e deram certo na região, mas desistimos porque, acima de todo homem e todo método, somos escravos de Cristo.
Talvez o mais difícil tenha sido a transição do meu eu, a briga daquilo que eu era com o que sou hoje até que se estabelecesse Cristo em mim, esperança da glória.
Prossigo, perdoada pelo meu Senhor, tomando minhas doses diárias de Graçamicina, recriando meu jeito de me relacionar e compreender mais as falhas alheias e as minhas próprias.
Prossigo, reaprendendo a orar e adorar em silêncio, livre dos condicionamentos, admitindo meus cansaços, me permitindo não ser infalível, sendo apenas gente...Pastoragente!

Roselaine Perez, a pastoragente para o Genizah

Palestra

Ricardo Gouvêa faz palestra e lança livro na Capital Sulmatogrossense



Com o audítório lotado o Prof. Dr. Ricardo Quadros Gouvêa discorreu sobre os pontos da crítica ao fundamentalismo religioso.
Sua crítica fundamentada em anos de estudos  e experiências foram recebidas pelo público de forma carinhosa, expressa na grande quantidade de livros vendidos.
Aos interessados em adquirir o exemplar do livro "Piedade Pervertida," informamos que esta disponível na secretaria da Fathel.
Contato Ezilma - 3028-3131