FATHEL - FACULDADE THEOLÓGICA

quarta-feira, abril 30

Pós Modernidade e Educação Teológica

A transição da era moderna para a pós-moderna coloca um sério desafio à teologia no contexto de sua nova geração. Confrontado por esse novo estado de coisas, o teólogo não pode cair na armadilha de um desejo nostálgico pelo retorno daquela modernidade científica e iluminista que deu luz a um protestantismo exacerbadamente racional, pois não somos chamados a fazer teologia numa época remota, mas aos dias de hoje, cujo contexto se acha sob a influência da pós-modernidade. A tarefa da teologia não consiste em defender o modernismo, fazendo com que a maré atual favoreça o Iluminismo. Pelo contrário, o teólogo deve discernir a melhor maneira de se viver a fé cristã num contexto pós-moderno, valorizando a experiência do indivíduo e respeitando a multiplicidade de crenças em seu contexto de existência. Como já afirmara Maraschin há uma década, não há nenhuma razão para se acreditar que a tradição filosófica e científica do Ocidente, baseada no Iluminismo, seja o único caminho existente para o nosso trabalho. A mensagem cristã, portanto, precisa ser cada vez mais “encarnada”, e cada vez menos racional.
É bem verdade que o pós-modernismo apresenta alguns perigos à teologia, mas acima de tudo, grandes desafios. Seria irônico e trágico se a teologia se tornasse uma dos últimos defensores da modernidade já quase moribunda. Para sobreviver num tempo como esse, é assaz fundamental que a teologia se lance à tarefa de decifrar as implicações do pós-modernismo para ela e para a igreja cristã. Possivelmente, a saída para o teólogo seria não lutar pela sobrevivência de uma teologia argumentativa, mas buscar espaço para uma teologia narrativa. Ao que tudo indica, parece que não sobrará importante espaço para uma teologia argumentativa na pós-modernidade.
Nesse enorme desafio que a pós-modernidade traz à teologia e à religião cristã, colocando diante do teólogo a necessidade de se encontrar um rumo, precisa-se ter uma pedra de toque, um critério que permita ser a teologia relevante para a sociedade atual. Buscar uma coordenação complementar entre a experiência e sua explicação, ou seja, sua teologia, é o grande desafio que temos diante de nós. Mas, fica a pergunta: Será mesmo possível, em pleno mundo pós-moderno, elaborar uma teologia que responda aos desafios da própria pós-modernidade, sem recorrer a teologias já elaboradas de um lado, ou sem continuar insistindo no valor único da experiência em detrimento do discurso teológico, de outro?


Prof. Oclécio Cabral
Pós-Graduando- UniFIL-Universidade de Londrina
Docente Fathel
Fonte: CONGRESSO BRASILEIRO DE REFLEXÃO TEOLÓGICA
Autor: Jaziel Guerreiro Martins

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