FATHEL - FACULDADE THEOLÓGICA

segunda-feira, agosto 17

Tolerância religiosa

É a pauta do dia
Por: Ieda Rodrigues

Em pleno século 21, em uma época que a liberdade de credo é um direito sacramentado em praticamente todo mundo e surgem seitas e mais seitas, ainda se deve colocar tolerância religiosa na pauta do dia para não haver risco de intolerância. Esta é a opinião do historiador norte-americano Stuart Schwartz, que veio a Bauru ontem para lançar dois livros – um deles exatamente sobre liberdade religiosa (e a falta dela) – e proferir a palestra sobre tolerância religiosa no mundo da intolerância, na Universidade do Sagrado Coração (USC). Considerado um dos maiores brasilianistas - historiador estrangeiro que se especializa em temas brasileiros -, Stuart, que é professor de história na Universidade Yale, nos Estados Unidos, está lançando oficialmente no Brasil o livro: “Cada uma na sua lei”, que põe em xeque as interpretações de que não havia questionamento pela liberdade religiosa na Espanha e Portugal e em suas colônias entre os séculos 16 ao 18, época da Inquisição. Stuart recebeu, no ano passado, o prestigiado Prêmio Internacional Cundill em História pelo livro. Na publicação, que no Brasil é uma co-edição da editora da Universidade do Sagrado Coração (USC) com a Editora Companhia das Letras, o historiador revela que havia sim pessoas que questionavam a Inquisição, sistema que procurava manter por meios brutais a manutenção da ortodoxia católica. “Encontrei relatos de pelo menos 300 pessoas na Espanha e Portugal que questionaram a Inquisição”, frisa. O curioso, conta, é que a maioria era pessoas do povo. Ou seja, a liberdade de credo não era um movimento político ou acadêmico. “Eram pessoas, muitas que haviam viajado para o Exterior, que expressavam suas opiniões de liberdade religiosa apesar da Inquisição”, frisa. Quem não aceitava “tratamento” oferecido pela Inquisição ficava sujeito a penas que ia de ser chicoteado a morto. A situação só mudou com Iluminismo, que questionou a dominação religiosa, e com a separação entre Estado e Igreja. Para garantir a liberdade de credo e igualmente o respeito pela religião escolhida é que Stuart afirma que o assunto precisa estar em discussão sempre. “E, para isso, o mais importante é que Estado e Igreja continuem separados, e sem ingerência um no outro”, frisa. Em Bauru, ontem, Stuart também lançou o livro: “O Brasil no Império Marítimo Português”, igualmente publicado pela Edusc. E recebeu o título Doutor Honoris Causa, outorgado pela chancelaria da USC.
Fonte: http://www.jcnet.com.br

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